Educação Escolar de Pessoas com Surdez
Atendimento Educacional Especializado
ESPÍNDOLA,
Eva Vilma
Maria Silva
Atualmente apresenta-se à sociedade, uma nova política de Educação Especial na
perspectiva de consolidar a inclusão de todos e mais especificamente as pessoas
com deficiência. Apesar da já definição dessas políticas, algumas propostas
precisam ser revistas para que as práticas de ensino e aprendizagem na escola
comum pública e rede privada apresentem caminhos consistentes e produtivos para
a educação da pessoa com surdez.
A pessoa com surdez não deve ser vista como deficiente, pois a mesma tem uma
perda sensorial auditiva que apesar de limitar biologicamente o sujeito para
esse sentido, não anula sua potencialidade do corpo e mente humana de canalizar
e integrar outros processos perceptuais, o que torna o capaz, um ser de
consciência, pensamento e linguagem.
Não é nessa ou naquela língua que deve está centrado o problema da educação das
pessoas com surdez, uma vez que se deve levar em conta a qualidade e a eficácia
das práticas pedagógicas, pois mais que uma língua é preciso que seja
proporcionado ambientes estimuladores que favoreçam o desafio, a estimulação do
pensamento e o exercício da capacidade perceptivo-cognitiva. É preciso repensar
a educação de tais estudantes e construir um campo de comunicação e interação
ampla, que possibilite a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa, em especial a
escrita. Na abordagem Bilingue a Libras e a Língua Portuguesa ao serem
ensinadas no ambiente escolar deslocam-se dos lugares especificamente
linguísticos e são utilizadas em seus componentes histórico-cultural, textual e
pragmático. É imprescindível focar a atenção nas potencialidades desses seres
humanos, independente de deficiência, diferença, enfim, é preciso também focar
a transformação da escola de uma prática excludente para uma prática inclusiva.
O Atendimento Educacional Especializado para pessoas com surdez- AEE PS leva em
consideração a compreensão, as capacidades e o potencial da pessoal com surdez,
tendo em vista seu desenvolvimento pleno e sua aprendizagem. Nesse
sentido suas diferenças são respeitadas e considera-se a obrigatoriedade dos
dispositivos legais que determinam o direito a educação bilíngue, onde a Libras
e o Língua Portuguesa escrita constituem a língua que será utilizada na
instrução para o desenvolvimento do processo educativo como um todo. Tal
atendimento é pensado em redes interligadas sem hierarquizar conteúdos, sem
dicotomizações, reducionismos, porém com uma ação conectada entre o pensar e o
fazer pedagógico. Para isso é aplicada a Pedagogia Contextual Relacional. De
acordo com Damázio (2005), o sentido dessa pedagogia encontra-se em formar o ser
humano, com base em contextos significativos, em que se procura desenvolvê-lo
em todos os aspectos possíveis, tais como: na vontade, na inteligência, no
conhecimento e em idéias sociais, despertando-o nas suas qualidades e
estabelecendo um movimento relacional sadio entre o ser e o meio ambiente,
descartando tudo que é inútil, sem valor real para a vida.
A efetivação do AEE PS no cotidiano escolar é utilizada a metodoogia vivencial,
que consiste em levar o aluno a aprender a aprender. Tal metodologia é
compreendida como um caminho percorrido pelo professor, para favorecer as
condições essenciais de aprendizagem do aluno com surdez, numa abordagem
bilíngüe. Dessa forma, o professor do AEE PS, na condição de autoridade, para
gestar e com responsabilidade para construir o ambiente de aprendizagem para
esse aluno, busca os métodos, escolhendo os melhores procedimentos e recursos
para operacionalização da aula especializada.
Damázio ressalta
(2005:69-123), que o trabalho do AEE envolve três momentos
didático-pedagógicos, que são:
** Atendimento Educacional Especializado EM
LIBRAS;
** Atendimento
Educacional Especializado para o ensino DE LIBRAS;
* *Atendimento Educacional Especializado para o
ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA;
O AEE PS em LIBRAS ocorre diariamente no horário contraturno ao da sala comum,
o conteúdo trabalhado é de acordo com o que está sendo visto na série, ano ou
ciclo, sendo ministrados antes de serem trabalhados na sala de aula comum. O
uso de recursos visuais São essenciais e em alguns momentos o teatro é
utilizado para assuntos abstratos. As imagens abaixo mostram um momento de AEE
PS em Libras.
No AEE PS de LIBRAS, os estudantes têm aulas de Libras, e isso favorece o conhecimento e a aquisição de termos científicos. Tal atendimento deve ser realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras (de preferência surdo), dependendo do estágio de desenvolvimento em que o estudante se encontra com relação a Libras é que esse atendimento deve ser planejado levando em conta o diagnóstico obtido. A imagem retrata um dos momentos desse atendimento.
No AEE PS para o ensino da Língua Portuguesa são
trabalhadas as especificidades dessa língua para as pessoas com surdez. É
realizado diariamente a parte do horário contrário ao da sala comum,
preferencialmente por uma professora graduada na área. O atendimento deve ser
planejado a partir do diagnóstico feito para averiguar o conhecimento do
estudante com relação a Língua Portuguesa.
Referência
Bibliográfica
DAMÁZIO,Mirlene F.M.,ALVES,Carla B. e
FERREIRA,J.P. Educação Escolar de Pessoa com Surdez In: AEE : Fascículo 4:
Abordagem Bilingue NA Escolarização de pessoas com Surdez. Fortaleza: UFC,
2010. p.25-26.
DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com
Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão:
Brasília: MEC, V.5, 2010. p. 46-57.